Bateria
Muitos não se dão conta da importância da bateria, somente quando o veículo “morre”, e isso é preocupante. São nos momentos onde você mais precisa da sua moto e ela não dá a partida, simplesmente porque não foi realizado aquele checkup prévio bem naquela viagem de férias, imagina se isso acontecesse com você? Horrível não?
O sistema elétrico é muito mais importante (e crítico) do que se imagina.
Essa importância só aumentou nas últimas duas décadas, pois cada vez mais os veículos tem suporte a componentes elétricos e eletrônicos, sendo que são incluídos nessa categoria, equipamentos de segurança, assim como luzes de sinalização, freios ABS e sistema de estabilidade eletrônica são importantíssimos para um veículo automotivo andar em segurança, protegendo o condutor e os equipamentos de conforto e conveniência que são vorazes por energia elétrica. GPS, faróis auxiliares, entre outros.
E o coração de tudo isso, está justamente na bateria. Outro componente fundamental é o alternador, responsável por manter a carga da bateria.
Então, o par bateria/alternador é fundamental no funcionamento do veículo. Assim, as baterias precisam ser capazes de armazenar e fornecer cada vez mais carga. E também precisam aceitar uma carga relativamente mais rápida, uma vez que o consumo de energia só cresce. Portanto caso haja suspeitas, confira vez por outra a voltagem de sua bateria, usando um multímetro.
Nomenclaturas e códigos nas baterias
O primeiro cuidado é com a capacidade da bateria. Ampère/hora (Ah) é a medida, conferida em laboratório, da capacidade de armazenamento elétrico que a bateria é capaz de proporcionar em descarga na alimentação do sistema elétrico. Essa medida é determinada a partir de um teste, denominado pela sigla C20, no qual a bateria plenamente carregada (tensão inicial de 12,6 Volts) é submetida a uma descarga com corrente constante equivalente a 5% da sua capacidade até atingir a tensão final de 10,5 Volts. O tempo de descarga até atingir a tensão final não poderá durar menos que 20h. Por exemplo, uma bateria que é descarregada com 3 Ah durante 20 h tem a capacidade de 60 Ah.
O CCA (Cold Cranking Amp – em português Corrente de Arranque a Frio) é um complemento fundamental na observação das características do produto. O CCA indica a corrente máxima que a bateria pode fornecer na partida, principal função do produto no veículo. Quanto maior for o CCA, melhor será o desempenho da bateria. A atenção do consumidor deve ser grande com este valor porque baterias de mesma amperagem podem ter CCA diferentes. Esta diferença impacta na performance e vida útil da bateria. Exemplo: a bateria A tem 60 Ah e 375 de CCA e a bateria B tem os mesmos 60 Ah, mas tem 475 de CCA. Com isso podemos afirmar que as baterias têm a mesma aplicação, mas a bateria B é superior, e provavelmente terá uma performance e vida útil maior.
CA - Corrente de arranque: Outra característica da bateria é o CA (Cranking Ampère ou Corrente de Arranque). O CA ainda é um teste sem norma regulamentada, que mede a corrente da bateria à temperatura de 25 ºC. O CA não pode ser comparado com o CCA.
RC - Reserva de capacidade: O RC, também exposto nos rótulos, é o teste para determinar o tempo (em minutos) que uma bateria plenamente carregada pode fornecer 25 Ampères até uma tensão final de 10,5Volts. Este teste simula o tempo estimado que a bateria poderá alimentar os acessórios de funcionamento básico de um veículo, em caso de emergência, caso o alternador deixe de funcionar por algum defeito.
Um veículo originalmente equipado com uma bateria de 40 Ah, pode receber uma de 60 Ah na substituição?
Do ponto de vista elétrico, um carro pode receber uma bateria com amperagem maior que a original de fábrica. Já o inverso certamente causará problema no funcionamento do veículo. Porém, fazendo uma analogia, seria como trocar a caixa d’água da sua casa por uma maior. Os dois “problemas” seriam que a caixa d’água nova seria maior e mais pesada, e talvez não coubesse na laje. O mesmo acontece com a bateria de maior amperagem, ela é maior e mais pesada. Por isso, é importante se certificar de que o espaço existente no cofre do moto r seja suficiente para acomodar a nova bateria (que será maior), e se a estrutura de fixação é adequada para aguentar o maior peso da nova bateria.
O que difere uma bateria de primeira linha, de outra de segunda linha?
O principal diferencial refere-se à tecnologia utilizada em sua produção e à qualidade dos componentes, o que vai influenciar diretamente no desempenho e na durabilidade da bateria. Hoje, após a regulamentação do INMETRO, o consumidor tem a certeza de que o produto comprado oferece as capacidades descritas na etiqueta, porém, a etiqueta não atesta a qualidade dos componentes. Antigamente, por exemplo, o fabricante dizia na etiqueta que a bateria possuía capacidade de 60Ah, quando na verdade existiam variações de até 50% e na prática ela tinha apenas 30Ah.
O que mais encurta a vida útil de uma bateria?
Instalar acessórios elétricos além da capacidade da bateria. Os veículos vêm com uma bateria de determinada capacidade, de acordo com os acessórios que possa ter de fábrica. A instalação de acessórios a mais pode comprometer a bateria, pois demandará mais energia do que foi previsto para utilização do carro. As baterias são desenhadas para, sobretudo, oferecer energia para a partida e manter os equipamentos elétricos essenciais ligados, quando o veículo está em funcionamento ou, emergencialmente, quando o alternador apresenta problemas. Ela é desenhada para fornecer o pico de energia, por poucos segundos, durante a partida. Utilizar a bateria para alimentar dispositivos elétricos durante períodos prolongados drena a carga da bateria comprometendo sua vida útil.
Outro item que pode comprometer a bateria são os rastreadores. Se não forem de qualidade e instalados corretamente, são fortes candidatos a proporcionarem problemas para a bateria. Pois, como ficam ligados permanentemente, podem descarregar profundamente a bateria, chegando a uma situação irreversível, em casos extremos.
Outra dica é desligar os acessórios elétricos quando for dar a partida. Isso fará com que a bateria seja menos exigida durante a partida. Em algumas motos mais novas, o próprio sistema eletrônico isso automaticamente, poupando a bateria. Uma bateria utilizada de forma correta tem uma vida útil média de 3,5 anos.
Como prolongar a vida útil de uma bateria?
A melhor forma de prolongar a vida útil da bateria é usando a moto para que a bateria sempre esteja com carga plena. É característica das baterias descarregarem se não forem usadas. Para dar a partida a bateria usa, em média, 1% de sua capacidade. Porém, para recarregar esse 1%, é preciso que o motor fique ligado por aproximadamente 15 minutos. Por conta disso, pessoas que utilizam a moto apenas em cidade em trajetos muitos curtos, podem ter a vida útil da bateria encurtada. Outro fator muito importante é manter a originalidade do sistema elétrico do veículo. A instalação de dispositivos genéricos ou além da capacidade do sistema poderá ocasionar desgaste prematuro da bateria.
Uma bateria pode receber carga rápida, em carregadores externos, sem sofrer danos?
É uma prática não recomendada, com exceção apenas para os casos de emergência e por profissionais capacitados. As cargas rápidas são fluxos de energia muito intensos que esquentam os componentes internos da bateria (chumbo, placas, eletrólito), reduzindo sua vida útil e comprometendo as reações químicas responsáveis por gerar a energia elétrica. Esse aumento de temperatura pode provocar diminuição no nível do eletrólito e, consequente, formação de hidrogênio, podendo fazer com que a bateria exploda! Portanto, aplicar cargas rápidas na bateria só em casos excepcionais. Mas o ideal é que a avaliação do estado da bateria seja feito por um auto elétrico que possui os equipamentos adequados para o diagnóstico. Outro ponto importante é que, caso seja necessário carregar uma bateria, o correto é levá-la a um auto elétrico para ser feita uma carga lenta. Fazendo outra analogia, carga rápida e carga lenta, seria o mesmo que comer rápido e comer devagar. Quando comemos devagar, comemos menos e nos sentimos melhor, pois não sobrecarregamos nosso corpo. Quando se come muito rápido, além de comer mais que o necessário, é normal não se sentir confortável e ter má digestão. No caso da bateria, a carga rápida joga energia além do necessário na bateria, provocando aquecimento que compromete os seus componentes e, consequentemente, suas reações químicas, diminuindo sua vida útil. Já com a carga lenta não existem esses problemas.
Troca de água na bateria (manutenção)
No mercado existem dois tipos de baterias, chamadas de “com manutenção”, que requerem reposição de água destilada constantemente e “livres de manutenção” ou “seladas”, que não necessitam desse complemento. Essa diferença está ligada diretamente a tecnologia dos componentes internos da bateria para fabricação das placas. Chamadas de ligas de chumbo, elas têm a finalidade de reduzir corrosão do ácido e aumentar a dureza do componente e podem ser compostas de chumbo-antimônio, chumbo-prata, chumbo-cálcio, entre outras.
O antimônio, primeira geração de tecnologias automotivas chumbo-ácido desenvolvida, demanda muita água nos processos químicos, água esta que é eliminada em forma de vapores, o que ocasiona a necessidade de se completar constantemente o nível de água da bateria.
Posteriormente, o antimônio foi substituído pela prata, surgindo uma nova tecnologia. Embora a prata tenha uma eficiência pouco menor contra a corrosão, a sua necessidade por água é de até 10 vezes menor em relação ao antimônio, o que possibilitou que a baterias se tornassem livres de manutenção e serem seladas. Embora ainda exista diminuição do nível de água (eliminada em forma de vapores), essa perda ocorre de maneira muito pequena fazendo com que a bateria chegue ao fim de sua vida útil sem a obrigatoriedade da adição da mesma, necessitando ser substituída.
No caso das baterias da Heliar, não se usa nem a prata na liga. Através de um processo produtivo patenteado pela Johnson Controls, denominado de Power Frame®, é possível diminuir os efeitos da corrosão dispensando o uso da prata. No lugar são adicionados cálcio e estanho ao chumbo, para aumentar a sua dureza, e também a grade da bateria passa por um processo de laminação e designe que garantem a melhor performance.
O inverno e as baterias
Muita gente acha que o inverno estraga as baterias, mas isso é mito. O que acontece é que o frio faz com que o combustível fica menos volátil e o óleo do motor mais viscoso, exigindo mais energia para a partida. Nessa situação, o motor vai precisar de mais energia da bateria para a partida. E é nesse momento, caso a bateria não esteja saudável, que será ainda mais difícil dar a partida e pode se perceber se a bateria não está mais respondendo a necessidade.
Partida de emergência (Chupeta Eletrônica)
Quando o veículo fica sem bateria, a primeira coisa que vem a cabeça é fazer uma "chupeta", como é popularmente conhecida a ligação em paralelo com outra bateria. É uma operação delicada: pois as montadoras não recomendam, pois, se alguns cuidados não forem observados, este procedimento poderá desestabilizar o sistema elétrico dos dois veículos, gerando picos de corrente que danificarão módulos e sensores eletrônicos. Mas na grande maioria dos casos, considerando que são situação únicas e atentando para os devidos cuidados, não existe nenhum problema em salvar um amigo de uma situação desagradável ou até mesmo nos dias atuais,de risco.
Quando fazer?
A bateria perde sua carga quando o sistema elétrico está em curto ou quando ao estacionar o veículo se deixou algo ligado, como por exemplo: lanternas, enfim, qualquer sistema que consuma a carga da bateria, deixando a tensão tão baixa que o motor de partida não consegue virar o motor.
Como fazer?
De posse de cabos apropriados com o sistema de garras tipo jacaré nas pontas, aproxime o veículo que esteja com a bateria boa, de forma que o comprimento dos cabos possa ligar as duas baterias simultaneamente.
Antes de fazer qualquer ligação, certifique-se de que todos os equipamentos elétricos como lanternas, faróis, ..., dos dois veículos, estejam desligados.
Agora, sim, com os dois veículos desligados, faça a conexão dos cabos. Comece pelo cabo preto, o negativo, conectando com o polo negativo (-) de bateria (há uma indicação nela) com a outra, negativo com negativo. Depois, o cabo vermelho deve ser ligado ao polo positivo (+) de cada bateria.
Dê a partida no veículo bom, espere uns três minutos e dê a partida no veículo com a bateria ruim. Assim que o veículo pegar, remova imediatamente os cabos das baterias, começando pelo cabo preto (negativo), tomando muito cuidado para não encostar no cabo vermelho. Em seguida, desconecte o cabo vermelho.
Na primeira oportunidade leve o veículo em um autoelétrico ou concessionária para verificar os seguintes itens:
1) Se o alternador esta carregando corretamente. Este teste é feito com o motor em funcionamento e a tensão deve estar entre 13,0 e 14,5 V;
2) Se existe alguma fuga de corrente. É como se algum equipamento elétrico ficasse ligado direto, mesmo com veículo desligado;
3) Se a bateria suporta um teste de carga, aquele em que ligamos todos os sistema elétricos do veículo para checar se a tensão nos bornes da bateria fica abaixo de 12V.
A bateria é um daqueles itens de grande responsabilidade e que exige manutenção preventiva. A falta de acompanhamento pode deixar o motociclista em uma situação bem desconfortável.
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